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Showing posts from February, 2017

Ex

E do nada apareceu aquele ex Me chamando de meu bem Veja que insensatez Me tratou como um cão maltês Ou pior, um pequenez  Fiquei numa viuvez  Foi grande o estrago que fez Meu bem!  Ora, meu bem!  Pensa que esqueci o que me fez  Pra ficar bem foi pra lá de mês Vai acabar ouvindo desaforos  em bom português Ah, se ao menos tivesse sido uma  só  vez Mas foi uma, foi duas, foi três Veio de novo, a branca tez e aquela cara de burguês Chegou e me chamou: D e meu bem.  Me olhou como antes, com cara de amante francês Titubeei, mas segurei Juntei meu cearencês e disse:  Olhe, seu filho d'uma égua, é muita desfaçatez!  Tome o rumo da sua venta  e não me apareça,  nunca mais,  outra  vez. 

Recém casados

Recém-casados, um apartamento de dois quartos para um casal. Parecia muito, a princípio, um privilégio. Não tinham filhos. Tem gente que mora em um quarto e sala com oito meninos. Dormem uns por cima dos outros, amontoados, redes por cima de redes. Eles tinham um escritório. Olha o luxo! E uma cozinha americana! O problema é que para onde ela se virava, lá estava ele, um sorriso nos lábios e aquele olhar tranquilo. E tudo que ela pensava era: "Meu Deus, agora para onde eu me virar vou dar de cara com ele? Ganhei essa sombra! Aff!" Disfarçava, sorria de volta, um sorriso daqueles que não mostram os dentes, só empurram as bochechas para os lados. Até que acordou um dia e foi escovar os dentes, a pasta de dentes apertada no meio.  Deu um grito. Ele correu para a porta solícito. Era demais! O rosto queimando, berrou: "Olha, assim não dá! Eu preciso do meu espaço!"  Saiu marchando, bateu a porta, andou uns 20 minutos em volta do quarteirão. Quando a respiração voltava